Matéria da Revista "Veja" - 01/09/1999
Nem arruda segura
Ela extrapolou, ele cansou, e o sucesso separou Adriane Galisteu e Roberto Justus (Rachel Campello)
Foi uma cena plenamente digna de sua protagonista. Segunda-feira, Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, a modelo e apresentadora Adriane Galisteu vira-se para o bando de jornalistas e fotógrafos que sempre saltita em torno dela e confirma: "Estou separada". Assim, numa coletiva improvisada, sacramentou-se oficialmente o já alardeado fim do casamento nunca oficial da loiríssima, lindíssima e aparecidíssima Adriane, 26 anos, com o publicitário bom partido Roberto Justus, 44. Durou oito meses de muita exposição e rarefeita convivência, período em que a estrela Galisteu explodiu em frenética combustão enquanto o plácido e comportado Justus tentava administrar o reflexo de tanto brilho na vida do casal. Para todos os efeitos, separaram-se em bons termos e ainda se amando muito. Mas um e outro deixam escapar, em cada conversa, as inevitáveis mágoas. "Cansei da rotina de estar sozinho. Quem realmente quer que uma relação dê certo consegue achar espaço para isso", alfineta Justus. "O Roberto apreciava meu trabalho, mas queria que eu jantasse em casa, que eu fosse para o sítio. Não posso marcar coisas como um casal normal. E não vou me torturar por isso", devolve Adriane.
Assim, em público, como quase tudo na vida dessa loira movida a fãs e holofotes, Adriane entrou para o clube das mulheres ricas, famosas, poderosas e sozinhas. Casamento, quando acaba, todo mundo dá palpite. Imagine-se uma união como a da modelo badalada com um publicitário muitíssimo bem de vida, que já era dada como pouco promissora desde antes de consumada, com festança e muitos ramos de arruda, em dezembro passado. Falante do tipo que escancara o coração, Adriane não está propriamente cultivando rugas de preocupação na análise do que deu errado. "Minha ausência gerou cobrança", diz ela. Nenhum dos dois esconde que o fora partiu dele. Ela nunca se mudou – "nunca fez um supermercado" – para o apartamento de 1 milhão de dólares que decoraram no capricho para morar. Pululava pela noite sem ele mas com outros, como o nadador Fernando Scherer, o mais recente na lista de supostos namorados cevada pelas más línguas. "Fazia uma série de coisas que geravam fofoca. Eu avisava que isso poderia prejudicar sua vida, mas ela não se importava", lembra Justus. Só muito raramente falavam sobre o trabalho dele, porque "a Adriane é uma pessoa tão concentrada nela mesma que dificilmente se interessa pelos assuntos dos outros".
Bem-amado – Acumulando tudo isso, na sexta-feira retrasada Justus aproveitou a rara chance de uma conversa a sós e puxou o carro. "Ela falou para a gente não divulgar, dar um tempo para se ajustar, mas eu disse que podia divulgar sim, porque eu não queria mais", conta Justus. Ato contínuo, Adriane viajou para o Rio, onde, de biquíni e ar de desafio, deslumbrou a platéia em um desfile de moda. A separação se deu dentro da mais absoluta civilidade, garante ela, desfazendo o zunzunzum ao aparecer dois dias depois com um mínimo corte no lábio ("bati com a chave do carro") numa sessão de fotos. "Não consegui conciliar trabalho com a vida de esposa, e perdi o jogo", admite Adriane. "Mas não podia abrir mão do meu trabalho. Estou no melhor momento de minha vida." E que momento. Adriane, que ao se casar tinha patrimônio de 3 milhões de dólares e ganhava 80 000 reais por mês, hoje põe nome em cinco produtos, prepara mais um programa de TV, é sócia de uma casa noturna, desfila em toda passarela importante e arrecada no fim do mês algo em torno de 130 000 reais. Justus também não tem do que se queixar nesse departamento. Desde que cresceu e apareceu ao lado de seu mulherão em festas badaladas (numa delas, foi vestido de Zorro), o faturamento de sua agência, a NewcommBates, pulou de 120 milhões para mais de 200 milhões de reais por ano. No lado pessoal, esses oito meses renderam em, digamos, estilo. Ele abdicou do penteado armado, repicou os cabelos, aderiu ao jeans e camiseta. Ela, no mínimo, aprendeu a controlar o vocabulário, antes coalhado de palavras que não pegam bem em ambientes finos.
Cumprindo seu acordo de separação total de bens, Adriane deixou para Justus o apartamento com tudo dentro. "Não quero nada. O apartamento é lindo, eu escolhi cada prego, mas a vida da gente é assim mesmo", conforma-se ela, que só tem elogios para o carinho e a gentileza do ex-marido. Justus, aliás, é o mais bem-amado dos ex. Dá-se muito bem com a primeira mulher, Sasha, com quem tem um casal de filhos, e com a segunda, Gisela Prochaska, mãe da caçula e de quem se separou num mês para cair de amores por Adriane no outro. "Nunca acreditei que os dois fossem dar certo", espeta Gisela. "Ele é caseiro, começou a sair mais só para agradá-la. Ele fez a parte dele. Ela, não." A exposição proporcionada pelo casamento com Adriane pesou um pouquinho na finança pessoal desse ex-marido exemplar. Aos 38 anos, dona de uma empresa de marketing, Gisela há alguns meses pediu que a gorda pensão, o carro blindado e a manutenção do apartamento a que tem direito em nome da filha fossem reavaliados para cima. "Com tanta notícia de que a casa nova dele custava uma fortuna, de que a empresa estava indo tão bem, achei que era hora de atualizar. Ele concordou", comenta. Por ingrata coincidência, o atual acordo foi fechado exatamente na sexta-feira da separação de Justus e Adriane. Solidária, Gisela mandou os advogados darem um tempo na cobrança dos novos termos. "Esperem um pouco", disse. "Ele está sofrendo muito com a separação." Diante de um ex que faz por merecer tal prova de consideração, dá até vontade de pedir: "Volta, Adriane, volta".
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